De “DIAS FELIZES” se diz ser “um pedaço de vida” de alguém cuja condição é “estar ali”; “pedaço de vida” de uma mulher de vida vazia, na qual, apesar de tudo. Essa mulher (talvez ilusoriamente) resiste.
De uma ironia profunda a metamorfosear-se em absurdo, uma mulher fala de si, do seu passado e presente (ainda a perspectiva de futuro?), num sucedâneo infindável de elementos que, de excessivos resultam em nada (ou vice-versa). Neste contexto, emerge a presença de vida dessa vida vivida e não vivida, sob o manto diáfano de uma ameaça (?), de saída (?) – uma pistola!
Viver/resistir à vida?
Viver/suicidar a morte?
Pedaços múltiplos percorrem um discurso que se tece a si próprio, trama minimalista em que o despojamento físico e a corrente de pensamento permitem encher “de nada” uma vida que, de tão ilusória, até pode existir!
Manuel Sardinha